Jornalismo literário em debate no CCBB

No dia 08 de abril, às 18h30, o Centro Cultural Banco do Brasil deu início à série Jornalismo Literário, que acontecerá uma vez por mês, de abril a novembro. Com mediação do jornalista Alvaro Costa e Silva, o primeiro debate do ciclo teve como tema O New Journalism e as Experiências Inovadoras do Jornalismo Brasileiro e contou com a participação de Luiz Carlos Maciel e Matinas Suzuki. Com curadoria da jornalista e dramaturga Beatriz Carolina Gonçalves, o programa tem entrada gratuita.

E como não existe obra sem autor, o programa contará com alguns dos maiores nomes do jornalismo brasileiro: Nirlando Beirão, Fernando Morais, Gilberto Dimenstein, José Arbex, José Louzeiro, Luis Nassif, Paulo César Araújo, Paulo Lins, Ricardo Kotscho, Ruy Castro, Sebastião Nery, Sérgio Cabral, além dos dois jornalistas que abriram a programação, no dia 08.

Todos os debates acontecem no Teatro II, com entrada gratuita, sendo que as senhas para o evento devem ser retiradas na bilheteria do CCBB, com uma hora de antecedência ao evento. O CCBB fica na Rua Primeiro de Março 66, Centro, no Rio de Janeiro, telefone (21) 3808-2020.

Confira a programação aqui.

Procura-se um diploma

Dos 11 ministros que irão julgar o recurso, seis já se manifestam contra a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista

Segundo o site Nominuto, o STF caminha para derrubar, ainda nesse semestre, a obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista. Dos 11 ministros que fazem parte da corte, seis já se manifestaram de alguma forma contra a obrigatoriedade de alguma formação específica.  O número é suficiente para decidir o recurso extraordinário do Ministério Público Federal que questiona a regulamentação profissional da categoria.

Os que argumentam a favor da manutenção do diploma afirmam que a profissão é extremamente especializada e, portanto, requer uma formação específica. Os contrários ao diploma afirmam que a exigência não está amparada na Constituição de 88 e que o direito à livre expressão é de todos.

Tendo em vista a abertura de faculdades de jornalismo a cada esquina, é fato que a qualidade dessa formação caiu bastante. Dessa forma, pode até parecer injusto um profissional de letras não poder fazer uma crítica literária num grande jornal apenas por não possuir o diploma de jornalista. Por outro lado, a não exigência do diploma pode prejudicar quem de fato possui uma boa base para exercer a profissão, o que, de certa forma, não passa despercebido pelos empregadores. Um bom designer, por exemplo, não deixa de ter seu trabalho reconhecido por não haver reserva de mercado para os profissionais da sua área.

De maneira análoga, caberia a pergunta: seria justo exigir que Heitor Villa-Lobos tivesse concluído o curso no Instituto Nacional de Música ou que Aleijadinho tivesse viajado a Portugal para obter diploma em Belas Artes?

Por fim, a questão pode ir além de singelas rixas profissionais. Será que a formação em Comunicação Social – seja em qualquer habilitação –, por si só, não é suficiente para formar profissionais para atuar em jornais, emissoras de rádio, agências de publicidade e editoras? Há necessidade real de “categorizar” a profissão? Por que um radialista não poderia criar uma campanha publicitária para TV de grande sucesso? Afinal, não somos todos comunicólogos?

Taynée Mendes – Renato Tomaz

E você, o que acha da obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista?


Divagação

Enquanto Stendhal escrevia o primeiro parágrafo de “A cartuxa de Parma”, é inegável que contribuía para a literatura francesa e mundial. Estaria, ainda assim, Stendhal prestando um desserviço à formação de leitores um século após a sua morte?
A pilhéria com este clássico deve-se ao primeiro parágrafo ter inspirado a criação do lead jornalístico, que chega aos jornais brasileiros na década de 1950 pondo fim ao jornalismo romântico nos anos subsequentes. Responder no primeiro parágrados às perguntas “O que? Quem? Quando? Onde ? Como? Por que?” era o início da formatação dos textos para jornais.

Assim surgiram manuais de redação e estilo prezando pela clareza, concisão e simplicidade. Talvez tenham sido levados a sério demais. Qual não é o desespero de um estudante ao escrever uma notícia nos padrões pela primeira vez. Escrever para a televisão é quase voltar aos primórdios da comunicação.

Hipérboles à parte, a questão é: o quanto esta simplicidade em excesso vicia um leitor? O analfabeto funcional é capaz de compreender frases curtas, simples e diretas, muito semelhantes às ensinadas em diversos manuais. Os jornais apenas subestimam seus leitores ou realmente nivelam por baixo para alcançar um maior público? Há algum nexo nestas questões ou são puro devaneios?

Estaria de fato o jornalismo contribuindo para o analfabetismo funcional? Uma questão muito complexa, uma futura monografia quem sabe?

Foto de leoberaldo